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domingo, 27 de novembro de 2011

A 1ª Noite de Cinema do NES FPCEUP

A actividade da noite de cinema, do dia 9 de Novembro, tinha como objectivo abarcar duas componentes distintas, mas perfeitamente conciliáveis: o entretenimento e a aprendizagem. Mais do que o factor lúdico, alcançado com a visualização do filme, consideramos ter proporcionado um momento de aprendizagem, onde podemos reflectir, explorar e discutir sobre temas da psicologia social, como o conformismo, obediência ao líder, entre outros. Acreditamos ainda que tais temas foram do interesse geral, não se limitando apenas aos alunos da Faculdade.

Todos nós nos gostamos de percepcionar como sujeitos resistentes, no que diz respeito às influências sociais. Acreditamos estar seguros em relação àquilo que são as nossas convicções, e à forma como iremos sempre agir em concordância com estas. No entanto, este era também o caso dos alunos do filme, que acabaram por ceder ao poder do conformismo: aquilo que começou por ser uma experiência mais ou menos ingénua acabou por atingir proporções inesperadas. Os sujeitos empenharam-se por completo na construção do grupo procurando a sua coesão através de algumas tácticas: deram um nome ao grupo, criaram um uniforme, uma imagem e uma saudação. Separadamente, os alunos acreditavam na sua individualidade, mas juntos passaram a viver em função da comunidade, do grupo. O que começou por ser uma ideia tornou-se para eles numa forma de vida, passando a justificar as suas acções por aquilo que acreditavam ser as ideologias que o professor lhes estava a transmitir: Assistimos a uma perda de identidades e a uma massificação.

Se fôssemos perguntar a cada um dos estudantes, antes da experiência, se seria capaz de exercer actos de vandalismo, a grande maioria responderia, provavelmente, que não. No entanto, e no contexto específico daquele grupo, foram capazes de espalhar grafitties pela cidade. Possivelmente fizeram-no pela necessidade de fazer parte de algo, pela pressão dos pares em agir em conformidade, pelo poder do grupo e por terem um objectivo em comum. Podemos ir ainda mais longe e referir a forte influência que poderá ter o desgaste das democracias representativas de nossa época: há uma forte insatisfação política que conjugada com a ausência de valores faz com que muitas vezes os jovens estejam perdidos no mundo e com que sintam fortes inseguranças e incertezas. Estão por isso extremamente vulneráveis para ideologias mais fascistas que envolvem o indivíduo, e lhe dão significância transformando-o num indivíduo inserido num grupo, tornando-o forte e especial e colmatam ainda a necessidade do sujeito de ter limites contra os quais se rebelar e unir.

Vemos no filme, que mesmo os alunos mais tímidos e pouco integrados começam a sentir-se parte de algo, as rivalidades atenuam-se e deixam-se todos levar pelo conforto do totalitarismo, que faz com que não tenham de pensar por eles próprios e se limitem a agir para defender os interesses do grupo. Para além disso, o conformismo torna-se aliciante porque facilita a tarefa do indivíduo de se fundir na sociedade, adoptar as suas normas, de modo a ter a estabilidade que precisa. Não possui identidade, imerge na massa, e consegue assim escapar aos seus problemas e à sua existência complicada, misturando-se ao ambiente que o rodeia.

Esta forma inconsciente de agirmos em conformidade com a sociedade traz-nos uma certa ordem, imprescindível ao nosso quotidiano, que nos ajuda na nossa segurança e sobrevivência. Por outro lado, deixarmo-nos levar pelo conformismo e tomarmos uma atitude demasiado passiva, nem sempre será o mais vantajoso a fazer, pois podemos estar a validar algo, só porque todos os outros o fazem, sem nos preocuparmos com o que será realmente o correcto.

O NES FPCEUP agradece a presença de todos no evento e espera-te para as próximas iniciativas... em breve ;)

Madalena Moreira